Leitos de Anodos Profundos
Em nossas redes sociais, Instagram e LinkedIn, falamos sobre um leito profundo que realizamos com a Comgás neste mês de setembro de 2024. Contamos com mais de 6 anos de parceria com a empresa, com 92 leitos concluídos, dos quais 13 são em poços profundos.
Aproveitando o tema, hoje trazemos um artigo detalhado sobre leitos profundos.
Em regiões onde não há espaço disponível para instalação de leitos de anodos superficiais, que são os convencionais, principalmente em áreas urbanas ou regiões com dificuldade de desapropriação, como terrenos de terceiros, os leitos em poços profundos se apresentam como uma solução adequada para provimento da corrente de proteção catódica a dutos enterrados.
Basicamente, os leitos de anodos em poço profundo possuem a seguinte estrutura:
- Uma região ou coluna ativa (região de posicionamento dos anodos) por onde será liberada a corrente de proteção para a estrutura a proteger;
- Uma região ou coluna inativa, cujo objetivo é tornar distante a coluna ativa do leito em relação à estrutura a proteger, evitando assim a ocorrência no solo de gradientes superficiais de potencial.
O comprimento da coluna ativa é em função da resistência de aterramento do leito, da corrente liberada e do anodo utilizado.
A Norma ABNT NBR ISSO 15589-1 não estabelece uma distância mínima entre o topo da coluna ativa e a estrutura a proteger, porém a Norma Petrobras N-2298 estabelece, como prática recomendada, uma distância mínima de 60,00 m. Esta distância pode ser calculada utilizando o Teorema de Pitágoras, conforme figura abaixo:
Dat² = Dtp² + (Pa – Pt )²
Onde:
- Dat = Distância Duto/Leito (> 60 m);
- Dtp = Distância Duto/Poço;
- Pa = Profundidade do início da Coluna Ativa do leito;
- Pt = Profundidade média do Duto.
Como vantagens dos leitos em poços profundos, destacam-se:
- Possibilidade de instalação em áreas de domínio das estruturas a proteger (faixa de dutos, por exemplo);
- O tipo de instalação evita o surgimento de gradientes superficiais de potencial, comuns em leitos superficiais;
- Baixo valor de resistência de contato leito/solo, devido a coluna ativa ser instalada em camadas menos resistivas do solo;
- Permite uma melhor distribuição de corrente ao longo da estrutura a proteger;
- O risco de danos ao leito devido escavações de terceiros nas faixas de domínio é menor;
- Por estar instalado em camadas profundas do solo, não menos suscetíveis a mudanças no valor da resistência de contato devido à alteração da condição do solo (seco, alagado etc.).
Este tipo de instalação é suscetível ao fenômeno de bloqueio por gases, que aumenta significativamente a resistência do leito. Para evitar este efeito, recomenda-se que os leitos de anodos em poço profundo sejam providos de tubos de ventilação para impedir o acúmulo de gás entre os anodos e o enchimento condutor. O tubo de ventilação deve ser feito de um material não metálico resistente ao cloro.
Deve-se tomar cuidado especial quanto à presença de rochas no local de instalação do leito. Caso a profundidade de projeto não seja alcançada, poderá ser efetuada a instalação de poços semiprofundos, instalados paralelamente entre si numa distância na qual a coluna ativa do primeiro poço permaneça com uma distância de, no mínimo, 60 m da estrutura, e os próximos leitos semiprofundos distantes paralelamente conforme projeto específico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DUTRA, A. C.; NUNES. L. P. Proteção Catódica – Técnica de Combate à Corrosão. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2006.
ABNT NBR ISO 15589-1. Indústrias de petróleo, petroquímica e gás natural — Proteção catódica de sistemas de transporte por dutos. Parte 1: Dutos terrestres. Segunda edição. 06.12.2016.
PETROBRAS N-2298. Proteção Catódica de Dutos Terrestres. Revisão D. 06.2017.